Conheça o novo projecto ‘made’ in Porto Santo, precisamente chamado Loja do Profeta
Quando falamos com a Vera e com o Francisco é visível um enorme orgulho no seu novo projecto – a Loja do Profeta. “Profeta, porque é o que nos chamam, e temos que valorizar. Não há que ter vergonha”, assume o casal de criativos quando indagamos sobre o nome tão característico.
“Sentimos a falta, no Porto Santo, de algo original”, conta, à MAIS, a designer Vera Menezes, ao apresentar toda uma linha de produtos destinados ao mercado turístico... mas não só. “Todos queremos levar das nossas férias uma recordação do sítio onde estivemos, algo especial e diferente”, explica perante os postais, as lapas, os sacos, os ímanes e muito mais.
Pintados à mão ou impressos em diversos suportes, as paisagens marinhas, os moinhos, os tabaibos, a fábrica da água, o dragoeiro, o maçaroco atraem o olhar, pelo seu traço simples, quase infantil, pelas cores alegres, pelos tons quentes representativos da Ilha Dourada. “Decidimos criar, esta imagem inicial, estes símbolos nossos, que nos identificam.”
Uma nova imagem gráfica, facilmente identificável com um povo simples, acolhedor, resiliente. Símbolos do Porto Santo. “As pessoas dizem que o Porto Santo não tem nada, mas não é verdade. O Porto Santo tem. Temos é que saber procurar e ver onde estão as coisas”, conta com uma certa ironia, “ eu cheguei a um ponto que tinha tantos símbolos que já não sabia como organizar este postal. E ainda não metemos o caracol….”, acrescenta.
As múltiplas referências vão além da tradicional praia. Vera e Francisco decidiram apostar na cultura e tradição de um povo ligado à terra, patente na nova imagem gráfica, nas ilustrações, “tudo o que nos identifica enquanto povo. As pessoas pensam que somos pescadores, mas não. Apesar de ser uma ilha, éramos sobretudo agricultores”, conta.
O projeto, assumem, ainda está na fase de experiência, a ver o que funciona ou não. Mas os dois criativos não escondem a ambição e novas ideias, como a criação de um ponto de venda móvel, apoiado numa bicicleta ou uma loja própria dedicada em exclusivo aos seus produtos. Para já, confessam, não há mãos a medir, sobretudo na produção de elementos pintados à mão, como as tabuinhas, as lapas, ou as pedras.
Tudo para “oferecer o que temos de melhor ao turista e não só.” Tudo elementos que apelam para as memórias dos visitantes, “os madeirenses ficam encantados com os nossos produtos. Pelas recordações que eles trazem da sua adolescência: as voltas de burro que realizavam há mais de 20 anos, a água que bebiam… “.
Memórias agora disponíveis em diversos hotéis e referências turísticas da ilha, além da rede social facebook (www.facebook.com/lojadoprofeta) que já os levou além fronteiras.
Na Loja do Profeta, Vera e Francisco esforçam-se por recuperar uma história que também é a deles. “Temos história. Uma história muito rica, mas talvez um pouco desvalorizada”, concluem, mas “o sonho comanda a vida…”.
Um novo “Pau de Sabão” Na Loja do Profeta, por entre os símbolos tradicionais porto-santenses, sobressai uma obra de António Aragão. O monumento - o Padrão das Descobertas - alusivo ao V centenário da morte do Infante D. Henrique, mais conhecido localmente como “Pau de Sabão” ganhou uma nova visibilidade.
Os motivos que cobrem as quatro laterais na escultura em cantaria rija, integrada no projecto do arquitecto Chorão Ramalho, junto ao Cais, foram alvo de um trabalho criativo, paciente, demorado. “Trabalhámos aquilo durante dois ou três meses. Fotografámos, desenhámos.”
O respeito pela propriedade artística está patente na referência ao artista plástico madeirense. A valorização da obra sensibilizou os familiares do artista e os turistas, impressionados com a história que o monumento representa. “As pessoas ficam encantadas, quando vêm a t-shirt do “Pau de Sabão” - um marco na primeira ilha a ser descoberta”, explicou Francisco.
Consciência ecológica A preocupação com o ambiente é também uma das marcas da Loja do Profeta. Desde a decoração com paletes recicladas, aos vários suportes dos produtos à venda. “Damos uma volta na praia, encontramos as madeiras, fazemos a reciclagem”, conta Francisco, inspirado também pelas memórias pessoais de viagens. Mas não ficam por aqui.
“Porto Santo Ecológico” é o nome da brochura preparada por uma residente estrangeira e que a Loja do Profeta ajuda a divulgar. O pequeno livro contém exemplos, bons e maus, de preservação ambiental. E apresenta sugestões sobre o que se pode fazer em prol da ecologia, no Porto Santo. Após a apresentação às autoridades da Ilha Dourada, o “livro de boas práticas” segue agora no saco de compras dos turistas.
http://www.dnoticias.pt/impressa/revista/605433/605440-zona-franca-gente-que-faz-digam-la-se-nao-sao-o-maximo