12 agosto 2016

INCÚRIA

 

Incúria

O Funchal foi uma cidade que cresceu desordenadamente nas suas periferias altas

 Arquitecto Rui Campos Matos, Presidente da Ordem dos Arquitectos - Madeira


No momento em que escrevo estas palaras, está ainda por fazer o balanço dos estragos causados pelo fogo que vai lavrando nas zonas altas do Funchal e, todavia, é já possível lamentar a incúria que o alimenta. Os incêndios não são um problema novo na história da capital do arquipélago. Em 1470,  o Infante D. Fernando, governador das ilhas atlânticas, determinou que as casas da florescente Rua dos Mercadores, se «cobrissem de telha», já que na sua grande maioria, eram construídas em madeira e cobertas de palha. Aparentemente, de pouco terá servido esta determinação, porque no Verão de 1593, numa noite em que o vento leste soprou quente e seco como uma labareda, um violento incêndio devastou a baixa, tendo queimado, em apenas 4 horas, como refere António Aragão na sua história do Funchal, cerca de 154 casas, «as melhores e mais principais de toda a cidade». A devastação foi tal que o episódio sobrevive na toponímia local dando nome às ruas da Queimada de Baixo e da Queimada de Cima.
Ao longo do século XVII, as casas em madeira e colmo foram sendo progressivamente substituídas por construções de pedra e cal com cobertura em telha, tornando mais difícil a propagação das chamas. Ardia pontualmente, aqui ou ali, uma casa sobrada, mas a ossatura de alvenaria ficava de pé e o corpo da cidade sobrevivia. Os incêndios continuaram, porém,  a devastar a periferia, despojada da sua vegetação endémica e mais resistente ao fogo. O padre Augusto da Silva dá-nos conta do monstruoso incêndio que no verão de 1919, varreu o perímetro do Funchal: «no Monte e em São Roque, tomou proporções verdadeiramente assustadoras, abrangendo uma área de alguns quilómetros e ameaçando destruir um grande número de habitações». As semelhanças com o que se passou nestes últimos dias é gritante. Será que nada pode ser feito fazer para prevenir este tipo de tragédias? Pode.
Trata-se, em primeiro lugar, como, aliás, já referiu o Presidente da República, de um problema de ordenamento do território e planeamento urbano. O Funchal foi uma cidade que cresceu desordenadamente nas suas periferias altas: acessos difíceis, arruamentos estreitos, construções em contacto com florestação desadequada. Teria sido necessária uma persistente política de requalificação urbana destas áreas. Infelizmente, pouco ou nada foi feito nas últimas décadas. Em segundo lugar, ficou claro que é através dos edifícios devolutos (alguns propriedade do Governo Regional...), com os logradouros abandonados e os telhados semi-arruinados, que o fogo penetra na antiga cidade de intramuros, como agora aconteceu na freguesia de São Pedro. Infelizmente,  nunca existiu, no Funchal, uma verdadeira política de reabilitação urbana.
Por último: quando a situação é de emergência é bom que exista um comando centralizado que fale a uma só voz através dos meios de comunicação social, mantendo a população informada e dando instruções precisas, a intervalos regulares,  sobre os procedimentos a tomar. O que ouvimos, porém, foi uma desconexa cacofonia a que não é alheia a fome de protagonismo político.  Exceptuando as condições atmosféricas, nada disto é inevitável. Damos-lhe o nome de incúria. 


in Diário de Notícias Madeira, 12 de Agosto de 2016.

04 agosto 2016

Vida e Obra de António Aragão (resumo biográfico)



António Aragão
Pintor, Escultor, Historiador, Investigador, Escritor e Poeta, António Aragão foi um dos maiores vultos da Cultura portuguesa, do século passado até aos dias da sua morte física acontecida em 2008, e também na opinião de vários especialistas, a maior personalidade de sempre da Cultura Madeirense.

António Manuel de Sousa Aragão Mendes Correia nasceu em Portugal, na ilha da Madeira, em São Vicente, a 22 de Setembro de 1921. Faleceu no Funchal a 11 de Agosto de 2008. Cedo quebrou as barreiras do isolamento geográfico para alcandorar-se aos palcos académicos e depois ganhar, com elevado mérito, estética, arte e técnica, um lugar de vanguarda na Cultura portuguesa.

Licenciado em Ciências Históricas e Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e em Biblioteconomia e Arquivismo pela Universidade de Coimbra. Estudou Etnografia e Museologia em Paris, sob a orientação do Director do Conselho Internacional de Museus da UNESCO. Cursou no Instituto Central de Restauro de Roma, onde se especializou em restauro de obras de Arte e estagiou no laboratório de restauro do Vaticano. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris e Roma.

Homem de criatividade rica, irrequieto, polémico, inconformado, por vezes excêntrico até, deixou a sua marca pessoal indelével por onde passou. Era difícil não dar por ele quando metia mãos à obra, quer fosse na investigação da história e da etnografia, quer quando esculpia, pintava ou escrevia. A proporção do acervo que legou a Portugal, e em particular à Madeira, é muito mais rico, em quantidade e qualidade, do que o reconhecimento e merecimento que devia ter recebido da região e do país. Desse ponto de vista, ainda está por fazer-se a verdadeira homenagem a António Aragão, apesar de, ainda em vida e num gesto essencial, ter recebido da Câmara Municipal do Funchal uma rua da cidade com o seu nome.

Foi Director do Arquivo Regional da Madeira, e também Director do Museu da Quinta das Cruzes (Funchal). Era irmão de Ruth Aragão de Carvalho, falecida esposa do actor Ruy de Carvalho. É pai de Marcos Aragão Correia, conhecido Advogado, Activista e Autor.

Como investigador da História da Madeira, publicou: Os Pelourinhos da Madeira, Funchal, 1959; O Museu da Quinta das Cruzes, Funchal, 1970; Para a História do Funchal - Pequenos passos da sua memória, Funchal, 1979; A Madeira vista por estrangeiros, 1455-1700, Funchal, 1981; As armas da cidade do Funchal no curso da sua História, Funchal, 1984; Para a História do Funchal - 2ª Edição revista e aumentada, Funchal, 1987; O espírito do lugar - A cidade do Funchal, Lisboa, 1992.

Dos estudos realizados destaca-se as escavações no lugar do Aeroporto, onde se erguia antes o Convento quinhentista de Nossa Senhora da Piedade, Santa Cruz, 1961.

Das escavações feitas resultou o levantamento da planta geral deste Convento Franciscano e o estudo das suas características tipológicas, além da exumação de variado espólio, do qual se destaca grande diversidade de padrões de azulejaria hispano-mourisca ou mudéjar, proveniente do Sul de Espanha, e também múltiplos exemplares de azulejaria portuguesa seiscentista e de setecentos, assim como elementos primitivos em cantaria lavrada – portais do convento, janelas, arco triunfal da igreja, condutas de águas, lajes tumulares, pavimentos, hoje depositado nos jardins da Quinta Revoredo, Casa da Cultura de Santa Cruz.

Todos os trabalhos foram devidamente documentados com plantas rigorosas, desenhos e fotografias. Este trabalho encomendado pela Junta Geral do Distrito do Funchal foi entregue nesta Instituição e, por sua vez, na época, depositado, em parte, no Museu Quinta das Cruzes.

Na área da Etnografia efectuou amplas recolhas ao nível da música tradicional da Madeira e do Porto Santo, em 1973, em colaboração com o professor e músico Artur Andrade, com divulgação em 2 discos LP em 1984.

Na área da literatura participou em acções colectivas, antologias, e outras manifestações significativas: Poesia Experimental, 1964 e 1966 (cadernos de que é fundador); Visopoemas, 1965; Ortofonias (com E.M. Melo e Castro), 1965; Operação I, 1967; Hidra I, 1968; Hidra 2, 1969; Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa, 1971; Antologia da Poesia Concreta em Portugal, 1973; Antologia da Poesia Visual Europeia, 1976; Antologia da Poesia Portuguesa, 1940-1977, 1979; Antologia da Poesia Surrealista em Portugal; OVO/POVO, 1978 Lisboa e 1980 Coimbra; PO.EX. 80, Galeria Nacional de Arte Moderna, Lisboa, 1980 e 1981; Filigrama. (Revista de expansão internacional), co-fundador, 1981, Funchal; Líricas portuguesas. Antologia, 1983; Poemografias, 1985; I Festival Internacional Poesia Viva, 1987, Figueira da Foz; Poesia: outras escritas, Novos suportes, 1988, Setúbal; Electroarte, Vala Comum. Lisboa. 1994.

A nível internacional realça-se a sua participação em Sevilha, 1980; em 1982, Itália e Brasil; 1983, Cuenca; 1984, Comuna de Milão, Itália; 1984, São Francisco, U.S.A. e Espanha (Barcelona); 1985, Israel e New York; 1986, México e Sevilha; 1987, México e França; 1989, Itália e Paris; 1990, Siegen, Alemanha, México e Washington.; e 1992, Madrid.

Colaborou em diversas manifestações de Mail-Art and Exchange, divulgando os seus trabalhos em revistas da especialidade.

Escreveu no Comércio do Funchal; Línea Sud, Nápoles; Letras e Artes, Lisboa; Express; Colóquio-Artes / Fundação Calouste Gulbenkian; Diário de Notícias, Lisboa; Comércio do Porto; Espaço Arte, I.S.A.P.M.; Diário de Notícias, Madeira.

Na ficção destaque para: Romance de Izmorfismo, 1964; Um buraco na boca, 1971; Os 3 Farros (com Alberto Pimenta), 1984; Textos do Apocalipse, 1992.

Na área da poesia referência para: Poema primeiro, 1962; Folhema I e Folhema 2, 1966; Mais excta mente p(r)o(bl)emas, 1968; Poema azul e branco, 1971; Os Bancos, 1975; Poesia espacial POVO/OVO (áudio-visual), 1977; Metanemas, 1981; Pátria, Couves, deus, etc, com Tesão, Política, Detergentes, etc, 1993; Joyciaba. In Joycina, 1982.

Para teatro escreveu o Desastre NU, em 1980, que foi Prémio Nacional.

Como artista plástico destacou-se tanto na pintura como na escultura. Na área da escultura realce para a Santa Ana, em cantaria rija, na Câmara Municipal de Santana, 1959; o Padrão das Descobertas - Monumento alusivo ao V centenário da morte do Infante D. Henrique, escultura em cantaria rija, integrada no projecto do arquitecto Chorão Ramalho, Porto Santo, 1960; Baixos–relevos, 2 grandes painéis em cerâmica policroma, alusivos à faina marítima e à actividade agrícola, Mercado Municipal de Santa Cruz, 1962.

Na área da pintura tornou-se conhecido desde a década de 40, pelas diversas temáticas abordadas e exploração de técnicas diferenciadas. Realizou várias exposições em Portugal (Galeria Divulgação, Quadrante, Galeria III, Galeria Diferença, Fundação Calouste Gubenkian – II Exposição de Pintura Portuguesa) e no estrangeiro – Espanha (Madrid, Sevilha, Barcelona); México; França (Paris); Itália (Roma e Turim); encontrando-se representado em muitas colecções particulares e oficiais em numerosos Países, inclusivamente na Fundação Serralves em Portugal.

António Aragão concretizou um projecto artístico contemporâneo baseado em novas tecnologias, numa casa que lhe pertenceu, situada na Lapa, em Lisboa. O projecto enquadrava uma "associação de educação popular" com uma galeria de arte vanguardista, ao qual foi atribuído o MECENATO pela Secretaria de Estado da Cultura.

Antes da doença prolongada de que padeceu até à sua morte, António Aragão, de volta ao Funchal, pintou os seus últimos quadros, que constituíram uma série à qual intitulou "Os monstros", uma verdadeira crítica corrosiva à hipocrisia dominante na sociedade.

As últimas exposições individuais de António Aragão foram realizadas na Madeira.

Comissariadas por António Rodrigues, a antepenúltima, em Abril de 1996, na Casa da Cultura de Santa Cruz, integrou 16 dos seus últimos quadros, e ainda uma selecção retrospectiva de 13 trabalhos, em diferentes técnicas, realizados nas décadas de 50 e 60 do século XX. A penúltima, Exposição Retrospectiva, teve lugar na “Casa da Luz”, no Funchal.

A última exposição de António Aragão antes da sua morte, ocorreu no Museu de Arte Contemporânea da Madeira (Forte de São Tiago, Funchal).

Depois do seu falecimento, António Aragão foi lembrado em diversas exposições colectivas que tiveram lugar em diversos Países, e numa grande exposição individual na sua terra natal (Madeira), organizada pela Galeria dos Prazeres em 2010, que preencheu ambas as salas desta Galeria de Arte em Fevereiro e Março desse ano.

A família de António Aragão doou ao Arquivo Regional da Madeira grande parte do seu Espólio Histórico.

Em Fevereiro de 2015, a Câmara Municipal do Funchal anunciou publicamente que iria criar um Museu sobre António Aragão, com numerosas Obras adquiridas do seu preciosíssimo Espólio Artístico.

No dia 1 de Julho de 2015, o Governo Regional da Madeira atribuiu a António Aragão, a título póstumo, a Insígnia Autonómica de Distinção - Cordão.

«António Aragão é uma das grandes figuras da Cultura portuguesa do século XX. É dele, por exemplo, o motivo da fachada da Escola Francisco Franco, tendo deixado ainda magníficas cerâmicas - isto para além de ter sido um grande Historiador, sendo de salientar o seu grande trabalho como Director do Arquivo Regional da Madeira na década de setenta.»

Rui Carita, Professor Catedrático de História e Coronel do Exército Português.

31 julho 2016

28 junho 2016

Documentários sobre António Aragão (RTP - Rádio e Televisão de Portugal / Galeria dos Prazeres)


Livraria Esperança divulga António Aragão

 
Livraria Esperança inicia campanha por António Aragão

Na sequência de inúmeros pedidos, a Família de António Aragão acordou com a Livraria Esperança um período de desconto de 50% sobre todos os livros da autoria de António Aragão, a ocorrer durante todo o mês de Julho de 2016, aproveitando-se o simbolismo do dia da Região Autónoma da Madeira como início da campanha.
A Livraria Esperança é a única livraria Portuguesa que ainda possui em stock títulos raríssimos de António Aragão, recebendo numerosas encomendas nacionais e internacionais de vários destes títulos.
António Aragão foi um dos maiores vultos da Cultura Portuguesa do século XX, e também segundo a opinião de vários especialistas, a maior personalidade de sempre da Cultura Madeirense.
Foi Poeta (pioneiro na Poesia Experimental Portuguesa), Romancista, Dramaturgo, Escultor, Pintor, Etnógrafo, tendo também desempenhado um papel fundamental como Historiador, principalmente no campo da História da Madeira, obtendo amplo reconhecimento internacional nas diversas áreas em que trabalhou.
O resumo biográfico de António Aragão, em Português, pode ser consultado em:
www.aragao.info/2010/04/vida-e-obra-de-antonio-aragao.html

Em Inglês em:
www.aragao.info/2014/12/antonio-aragao-english-biography.html

Para saber quais os títulos de António Aragão ainda disponíveis e efectuar encomendas por favor contactar a Livraria Esperança:

Fundação Livraria Esperança
Rua dos Ferreiros, 119
9000-082 Funchal – Portugal

Telefone: (+351) 291 221 116
Fax: (+351) 291 221 348

Email: geral@livraria-esperanca.pt

Website: livraria-esperanca.pt

Esta campanha termina no dia 31 de Julho de 2016 e está limitada ao stock existente.

05 maio 2016

Poesia Experimental Portuguesa: Contextos, Ensaios, Entrevistas, Metodologias.

Poesia Experimental Portuguesa: Contextos, Ensaios, Entrevistas, Metodologias.

Organização: Prof. Dr. Rui Torres

Este livro contém alguns dos resultados do projecto "PO.EX 70-80 - Arquivo Digital da Literatura Experimental Portuguesa", financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia com fundos da União Europeia, o qual teve como Investigador Responsável o Prof. Dr. Rui Torres, e como Instituição Proponente a Fundação Ensino e Cultura Fernando Pessoa (FECFP). O Arquivo Digital da Literatura Experimental Portuguesa está disponível em http://www.po-ex.net.

30 abril 2016

ESTADO, POLÍCIA, TRIBUNAIS: CULTURA CRIMINOLÓGICA EM PORTUGAL.


ESTADO, POLÍCIA, TRIBUNAIS: CULTURA CRIMINOLÓGICA EM PORTUGAL.

Prof. Dr. José Martins Barra da Costa

Licenciado em Antropologia Social, posgraduado em Ciências Criminais e em Estudos Psicocriminais, mestre em Relações Interculturais e doutor em Psicologia. Antigo Inspector-chefe da Polícia Judiciária, actualmente é professor universitário e profiler criminal. Em períodos em que não vinga a censura é analista criminal em órgãos de comunicação social.
Nota: este artigo foi escrito em exclusivo para o website oficial sobre António Aragão, muito se agradecendo ao autor esta honra com que nos premiou.

26 abril 2016

Estudo de Prospecção e Defesa da Paisagem Urbana do Funchal, de António Aragão

 
O Valor do que Herdamos
Existe entre nós um considerável desconhecimento do significado dos edifícios históricos

Arquitecto Rui Campos Matos, Presidente da Ordem dos Arquitectos - Madeira

A preservação do património imóvel de uma cidade, dos edifícios, praças, ruas e bairros cujo carácter fazem dela obra única e digna de ser visitada, mais do que uma questão consensual, é hoje, também, uma questão de sobrevivência.  O Documento Estratégico para o Turismo na RAM (2015-2020), publicado pela ACIF/ KPMG, considerou a «qualidade ambiental e paisagística das zonas urbanas e rurais» como um dos «factores críticos de sucesso» da actividade turística, recomendando explicitamente a preservação e valorização do nosso património cultural e histórico. Temos, portanto, de admitir que, na Madeira, quando um edifício histórico é abandonado à sua sorte, demolido ou desfigurado por uma obra canhestra, há sempre, na raiz do infausto acontecimento, um problema de ignorância.

A avaliar pela quantidade de edifícios históricos desfigurados ou em ruínas na Região é de crer que existe entre nós um considerável desconhecimento do seu significado.  É esse desconhecimento que a Delegação da Madeira da Ordem dos Arquitectos tem procurado combater, promovendo debates, conferências e exposições onde se pretende divulgar o nosso património imóvel. Infelizmente, nem sempre os meios que temos ao nosso alcance nos permitem fazer o que ambicionávamos e nem sempre aqueles que mais beneficiariam destas acções tem comparecido. Assim sendo, e para evitar que esta preciosa herança se continue a degradar, a Delegação, ao abrigo do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, irá dar início a um processo de classificação de vários edifícios do Funchal.

Alguns deles foram levantados em 1966 pelo Dr. António Aragão no seu Estudo de Prospecção e Defesa da Paisagem Urbana do Funchal  - como  é o caso, por exemplo, da belíssima construção do séc XVIII, hoje em ruínas, que podemos ver na imagem;  exemplares, mais recentes, como o Mercado dos Lavradores e o Liceu Jaime Moniz, peças maiores da arquitectura do primeiro modernismo português, ou  a Capela-Ossário do Cemitério de Nossa Senhora das Angústias, projectada em 1951 por Chorão Ramalho, serão também objecto do nosso interesse; finalmente, alguns conjuntos urbanos, essenciais para a preservação do carácter da cidade do Funchal, como sejam a R. dos Ilhéus ou os antigos caminhos dos Saltos, do Monte e da Torrinha, merecerão também a nossa atenção.

Uma vez aberto o procedimento de classificação, estes edifícios ficarão abrangidos por um regime de suspensão de licenças para a realização de obras, isto é, dependentes da prévia autorização da DRC para as executar.  Mão amiga e culturalmente avisada poderá, então, guiar promotores públicos e privados na realização dessas mesmas obras, que tão necessárias são à sua preservação. Esta iniciativa contará, estou certo disso, com o apoio de todos os partidos e instituições que gerem o nosso património. É tempo de nos começarmos a preocupar (e a orgulhar!) com a herança que os nossos antepassados nos legaram porque dela depende a nossa identidade e bem estar. Dela depende o futuro da Madeira como destino turístico  e o nosso destino como comunidade civilizada.

in Diário de Notícias Madeira, 06 Abril 2016
http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/opiniao/579210-o-valor-do-que-herdamos

Poesia Experimental Portuguesa: "Ó!", in Porta-Voz, de Américo Rodrigues

Portugal: uma pátria que é, cada vez mais, um lamaçal!




Carta de António Aragão a Alberto Pimenta, de 13 de Junho de 1982, in "Os 3 farros - descida aos infermos", Editora Danubio, Lisboa, 1984


30 março 2016

Em Legítima Defesa: António Aragão

 http://www.bprmadeira.org/site/index.php/noticias/4411-em-legitima-defesa-encontros-com-poesia-musica-e-outras-artes-na-madeirauma-cierl

No âmbito do Programa de Formação Contínua da Universidade da Madeira / CIERL, Projecto Tratuário - Percursos para a História da Cultura Madeirense, e contando com o apoio do Governo Regional da Madeira, terá lugar no Auditório do Arquivo Regional da Madeira, a partir das 12 horas do dia 2 de Abril de 2016, conferência e debate sobre a Poesia de António Aragão. António Aragão é uma das mais importantes personalidades de sempre da Cultura Madeirense.

03 outubro 2015

"António Aragão: Pintura e escultura", por Prof. Dr. Rui Carita

António Aragão:
Pintura e escultura
Por Prof. Dr. Rui Carita
Coronel do Exército Português e Professor Catedrático da Universidade da Madeira






 
Rui Alexandre Carita Silvestre

É Coronel de Artilharia na situação de reforma.
Nasceu a 23-07-1946 e ingressou na Academia Militar no ano de 1964.
Prestou serviço na EPA, em Vendas Novas, Angola, Moçambique e, a partir de 1973, na ZMMadeira, tendo desempenhado funções várias no GAG 2 e no Quartel-General.
Doutorou-se, em 1993, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde defendeu a tese Arquitetura Militar na Madeira, Séc XVI a XIX editada em Lisboa, EME, 1998, sendo Professor Catedrático da Universidade da Madeira, onde foi Vice-Reitor, lecionando nas áreas da História, História da Arte e do Património.
Tem dedicado parte da sua atividade ao estudo do património português construído, principalmente militar e religioso (arquitetura militar, fortificação e Companhia de Jesus), no Mundo Português, tendo publicado cerca de duas dezenas de livros e centena e meia de trabalhos na Fundação Calouste Gulbenkian, Universidade de Coimbra, Governo Regional da Madeira e Comissão Nacional dos Descobrimentos, entre outras instituições. Tem feito parte de júris de mestrado e de doutoramento em várias instituições universitárias, como do Instituto Superior Técnico e as Universidades de Coimbra, Évora e Madeira, nas áreas da História e do Património Edificado.
É assessor da Universidade estatal de Santa Catarina no Brasil para o projeto de reabilitação das fortalezas da barra e de resgate submarino e da Câmara Municipal do Funchal, para a Carta de Património.

01 outubro 2015

Poema de António Aragão: "Congresso. IVA. Satélite. Etc."


CONGRESSO. IVA. SATÉLITE. ETC.


    afinal é difícil dizer. é difícil em conta corrente e com o tesão que trago. por isso mesmo guardo o timing doutra ocasião pendurado no guarda-fato. então
    o governo que diga. o governo que faça. para já não é possível este preço blindado do infinito. é sempre difícil sem crédito. entretanto
    (diga-se) há sumos de fruta e o universo enlatado sem conservantes pode ser de boa marca.


    mas parece falso. o governo que diga. o governo que faça. de facto sufoca. depois apareceu o défice estratégico e a privatização bonificada com pissas e o caso imenso das hortaliças. meu Deus será que já nada interessa? realmente recordo a foda virtuosa da vaca e a pátria sentada em feed-back, ou será mesmo o que não interessa? porra! estou farto! (acredita querida acredita) cheguei ao top. mas
    talvez outro congresso talvez faça falta. ou então o governo que diga. o governo que faça. e suas excelências que resolvam outro hino para entesar a malta com mais outra pátria.
    e porque não outra guerra com infra-estruturas e outro buraco do ozono e napalm e outro sol apodrecendo na televisão para ser mais estratégico? então
    permaneço mais sindical e democrático no terror deste fim de tarde: com pássaros já gastos e o teu corpo decorado com assombros de peixes.


    sem dúvida que é difícil. embora talvez mais autárquico.
mas
    para já (acredita querida acredita) custa sempre olhar a dificuldade do teu olhar de nata. 

01 julho 2015

António Aragão recebeu a título póstumo Insígnia Autonómica de Distinção - Cordão


O Governo Regional da Madeira, representado pelo seu Presidente Dr. Miguel Albuquerque, atribuiu hoje, a título póstumo, a Insígnia Autonómica de Distinção - Cordão a António Aragão, no âmbito das comemorações do Dia da Madeira (1 de Julho).
A Distinção foi recebida pela Dra. Teresa Brazão, em representação do Dr. Marcos Aragão Correia.
 

11 junho 2015

António Aragão homenageado pela Região Autónoma da Madeira com a Insígnia Autonómica de Distinção – Cordão


O actual Governo Regional da Madeira, presidido pelo Dr. Miguel Albuquerque, decidiu homenagear, a título póstumo, António Aragão, atribuindo-lhe a Insígnia Autonómica de Distinção – Cordão, em cerimónia a ocorrer no dia 1 de Julho de 2015.
A Família de António Aragão (Marcos Aragão Correia (Filho), Anabel Aragão Correia (Nora) e Maria Aragão Correia (Neta)) agradece a justíssima homenagem ao seu Pai / Sogro / Avô.
António Aragão nunca procurou reconhecimento de nenhum tipo, pois trabalhava pelo prazer de trabalhar; mas todo o reconhecimento constitui a valorização desse mesmo trabalho por quem ele era tão dedicado e apaixonado.
E assim sendo, um muito obrigado em nome de António Aragão.

A Família de António Aragão.