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26 abril 2016

Estudo de Prospecção e Defesa da Paisagem Urbana do Funchal, de António Aragão

 
O Valor do que Herdamos
Existe entre nós um considerável desconhecimento do significado dos edifícios históricos

Arquitecto Rui Campos Matos, Presidente da Ordem dos Arquitectos - Madeira

A preservação do património imóvel de uma cidade, dos edifícios, praças, ruas e bairros cujo carácter fazem dela obra única e digna de ser visitada, mais do que uma questão consensual, é hoje, também, uma questão de sobrevivência.  O Documento Estratégico para o Turismo na RAM (2015-2020), publicado pela ACIF/ KPMG, considerou a «qualidade ambiental e paisagística das zonas urbanas e rurais» como um dos «factores críticos de sucesso» da actividade turística, recomendando explicitamente a preservação e valorização do nosso património cultural e histórico. Temos, portanto, de admitir que, na Madeira, quando um edifício histórico é abandonado à sua sorte, demolido ou desfigurado por uma obra canhestra, há sempre, na raiz do infausto acontecimento, um problema de ignorância.

A avaliar pela quantidade de edifícios históricos desfigurados ou em ruínas na Região é de crer que existe entre nós um considerável desconhecimento do seu significado.  É esse desconhecimento que a Delegação da Madeira da Ordem dos Arquitectos tem procurado combater, promovendo debates, conferências e exposições onde se pretende divulgar o nosso património imóvel. Infelizmente, nem sempre os meios que temos ao nosso alcance nos permitem fazer o que ambicionávamos e nem sempre aqueles que mais beneficiariam destas acções tem comparecido. Assim sendo, e para evitar que esta preciosa herança se continue a degradar, a Delegação, ao abrigo do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, irá dar início a um processo de classificação de vários edifícios do Funchal.

Alguns deles foram levantados em 1966 pelo Dr. António Aragão no seu Estudo de Prospecção e Defesa da Paisagem Urbana do Funchal  - como  é o caso, por exemplo, da belíssima construção do séc XVIII, hoje em ruínas, que podemos ver na imagem;  exemplares, mais recentes, como o Mercado dos Lavradores e o Liceu Jaime Moniz, peças maiores da arquitectura do primeiro modernismo português, ou  a Capela-Ossário do Cemitério de Nossa Senhora das Angústias, projectada em 1951 por Chorão Ramalho, serão também objecto do nosso interesse; finalmente, alguns conjuntos urbanos, essenciais para a preservação do carácter da cidade do Funchal, como sejam a R. dos Ilhéus ou os antigos caminhos dos Saltos, do Monte e da Torrinha, merecerão também a nossa atenção.

Uma vez aberto o procedimento de classificação, estes edifícios ficarão abrangidos por um regime de suspensão de licenças para a realização de obras, isto é, dependentes da prévia autorização da DRC para as executar.  Mão amiga e culturalmente avisada poderá, então, guiar promotores públicos e privados na realização dessas mesmas obras, que tão necessárias são à sua preservação. Esta iniciativa contará, estou certo disso, com o apoio de todos os partidos e instituições que gerem o nosso património. É tempo de nos começarmos a preocupar (e a orgulhar!) com a herança que os nossos antepassados nos legaram porque dela depende a nossa identidade e bem estar. Dela depende o futuro da Madeira como destino turístico  e o nosso destino como comunidade civilizada.

in Diário de Notícias Madeira, 06 Abril 2016
http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/opiniao/579210-o-valor-do-que-herdamos

14 maio 2015

Câmara Municipal do Funchal vai criar museu com obras de António Aragão

CMF investe 166 mil euros para comprar

mais de 100 obras de Aragão

CMF também quer criar futuramente um espaço de exposição sobre António Aragão


Oito quadros, uma escultura, pinturas a óleo, um lote com diversos documentos de pesquisa, cartas, dedicatórias, textos, poemas e correspondência trocada com diversos autores e até um quadro com técnica mista da autoria de Herberto Helder, poeta madeirense recentemente falecido, são algumas das mais de 100 obras e objectos seleccionados (veja a lista completa no quadro) para aquisição pela Câmara Municipal do Funchal, pertencentes a António Aragão.

Recorde-se que, em Fevereiro, o espólio de António Aragão, figura ímpar da Cultura Madeira (pintor, escultor, escritor, historiador e investigador madeirense), foi colocado à venda em leilão público, isto depois de o anterior Governo Regional de Alberto João Jardim ter recusado uma proposta para o adquirir na totalidade por 500 mil euros. O leilão, realizado na Agência Mouraria, acabaria por ser um dos mais concorridos dos últimos anos, tendo sido vendidas 30% das peças do espólio.

Nessa altura, a Câmara Municipal do Funchal demonstrou interesse em adquirir algumas peças de António Aragão e no dia 26 de Fevereiro, por unanimidade, a autarquia aprovou, em reunião camarária, a proposta (feita pelo CDS/PP) para a aquisição de parte do espólio do artista madeirense.

“Sendo o Funchal um município turístico e assumindo esta actividade grande importância económica, importar desencadear esforços no sentido de aumentar e diversificar a oferta cultural, enriquecendo-a através do contributo dos grandes vultos da cultura do século XX, como o é António Aragão”, começa por referir a autarquia no texto da proposta de aquisição de 21 obras que hoje será votada na reunião da CMF.

E lembra que a CMF já homenageou António Aragão atribuindo o seu nome a uma rua da cidade e “agora presenteia toda a comunidade, local e forasteira, com a possibilidade de privar com parte do seu espólio que, em tempo e local próprio, será catalogado e exposto ao público”.

Mais do que um tributo à sua pessoa e à sua obra, “com esta aquisição o município do Funchal tem por objectivo criar um espaço de exposição e interacção, através do qual será possível manter vivo o seu nome e conhecer melhor a sua obra. Na verdade, o contributo que António Aragão deu à cultura é vasto mas, porventura, pouco divulgado pelo que importa reverter essa realidade”, salienta a CMF.

A autarquia deixa claro que “a história é feita de momentos e o município do Funchal reconhece que este é um momento que não pode deixar passar e assim marcar a história do município enriquecendo-o culturalmente”.

E termina frisando que as obras que o município se propõe adquirir estão elencadas numa lista e resultam de uma selecção feita pelo museólogo Francisco Clode de Sousa e baseada em dois critérios fundamentais: “Por um lado, as que retratam o homem enquanto indivíduo e enquanto artista, completo e versatilidade, e por outro, obras que evidenciam a sua relação com o Funchal e valorizem o acervo museológico da cidade”.

in Diário de Notícias Madeira, 14 de Maio de 2015
http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/516328/5-sentidos/516340-cmf-investe-166-mil-euros-para-comprar-mais-de-100-obras-de

19 janeiro 2011

Câmara Municipal do Funchal prepara lançamento da Revista Margem sobre António Aragão

António Aragão: a revista dedicada a este saudoso vulto da Cultura já está em fase gráfica. Fotografia Arquivo DIÁRIO DE NOTÍCIAS Madeira



Notícia CMF mantem 'Margem'
A CMF ainda não tem data para o lançamento. A revista é para ter continuidade

in Diário de Notícias Madeira, de 16 de Janeiro de 2011


Foi o último projecto editorial de Maria Aurora Homem, enquanto a conhecida escritora e apresentadora televisiva esteve à frente da revista 'Margem 2', editada pela Câmara Municipal do Funchal: dedicar um número temático da publicação a António Aragão, o artista, escritor e investigador que marcou a cena cultural da Região e não só, durante décadas. A publicação tem sido adiada, mas não abandonada. Só não há ainda data marcada para o lançamento, mas pressupõe-se que será para breve, embora possa ainda ter de aguardar até à próxima Feira do Livro do Funchal.

A coordenação desta edição foi entregue ao historiador e académico Nelson Veríssimo, que conseguiu reunir um bom leque de colaboradores para este objectivo. Conforme recorda o próprio, tratava-se de um pedido pessoal de Maria Aurora, que, à data, já se encontrava doente. À força dos propósitos da mesma, somava-se a fragilidade da sua condição e era, pois, quase impossível recusar. Além do mais, a intenção era de cariz importante: homenagear e relembrar um dos vultos mais marcantes da Cultura da nossa terra.

Assim sendo, Nelson Veríssimo pôs mãos à obra. Nesta 'Margem 2' colaboram, além do coordenador (que aborda a faceta de historiador de António Aragão), nomes como Jorge Valdemar Guerra, Élvio Sousa, Ana Isabel Moniz, Thierry Proença dos Santos, Lénia Serrão, Helena Rebelo, Leonor Martins Coelho, Ana Hatherly, Fátima Pitta Dionísio, Rui Carita, Isabel Santa Clara, António Rodrigues, Roberto Merino e José de Sainz-Trueva. Entre os muitos académicos da Universidade da Madeira e não só, que colaboram neste número, os temas abordados são muitos, desde o pioneirismo na arqueologia madeirense à análise dos seus textos, desde a defesa do património cultural às opções linguísticas do autor, desde o experimentalismo como expressão literária à natureza da sua pintura e desenho. Enfim, diversas facetas de um homem ecléctico. São ainda incluídos dois inéditos de António Aragão.

Margem deve continuar
A revista 'Margem', assume Teresa Brazão, directora do Departamento de Cultura da CMF, vivia muito do empenho e da marca pessoal de Maria Aurora. Agora, depois do seu falecimento, a continuidade da revista está a ser repensada, mas "noutros moldes", que por enquanto ainda são uma incógnita. Em certos círculos, tem-se mesmo comentado a hipótese da extinção da publicação, mas Teresa Brazão diz que não gostaria de deixar cair a revista: "Acho que seria uma pena. Vamos fazer o possível para reestruturar a 'Margem' em outros moldes, porque estas coisas têm muito a ver com quem as organiza... E não podemos continuar a fazer a revista exactamente como a Maria Aurora a fazia", admite. Reafirma, porém, o seu propósito de que seria lamentável deixar "morrer" este projecto.




http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/245290/5-sentidos/245341-cmf-mantem-margem

27 junho 2010

Património imaterial


'Património Imaterial' desvenda tradições

'Estamos a dar às questões do património imaterial uma dimensão que geralmente nos passa um pouco despercebida a todos, e que neste caso passa por um conjunto de tradições, algumas das quais documentadas por fotografias, outras registadas em gravações', explicou ontem o secretário regional da Educação e Cultura, Francisco Fernandes, a propósito da exposição ontem inaugurada na Sala dos Arcos do Colégio dos Jesuítas (Universidade da Madeira).
A mostra, da responsabilidade da Direcção Regional dos Assuntos Culturais, baseia-se em recolhas feitas nos anos 70 por Artur Andrade e António Aragão, que estão neste momento a ser transcritas e digitalizadas, a partir dos originais em fita magnética, numa parceria entre a DRAC e a Direcção Regional de Educação (é o Departamento de Tecnologias Educativas que está a efectuar a transcrição).
Na mostra, montada com recurso a tecnologia multimédia, podem ver-se também fotografias do espólio de Pereira da Costa e Freitas Branco, documentando múltiplas práticas tradicionais. Mas também há projecção de silhuetas nas paredes brancas, de vídeos e a possibilidade de ouvir, com auscultadores, as entrevistas realizadas a populares residentes no meio rural, nas quais os mesmos falam das práticas tradicionais ainda existentes e também de algumas que entretanto já tinham desaparecido. Transcrições de extractos dessas conversas estão também inscritas em faixas brancas que atravessam o chão e as paredes.
'Património Imaterial - Recolhas dos Anos 70', a exposição que ficará patente ao público até 14 de Maio, é assim um modo de utilizar as modernas tecnologias 'para passar para as gerações seguintes aquilo que antes só se passava pela via oral (...)', acrescentou Francisco Fernandes, aproveitando para sublinhar o carácter de homenagem àqueles que recolheram e preservaram o cancioneiro tradicional e outros aspectos.

in Diário de Notícias Madeira, 17 de Abril de 2010 (http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/193570/5-sentidos/202289-patrimonio-imaterial-desvenda-tradicoes).

Relembrando... Peça de Teatro Desastre Nú


Peça de teatro 'Desastre Nu' tem cariz interventivo

Um olhar crítico sobre a sociedade é a proposta de 'Desastre Nu', de António Aragão, que a Contigo Teatro estreia no próximo dia 14 de Novembro, sexta-feira, às 21 horas, no auditório do Centro das Artes - Casa das Mudas, na Calheta.
'Trata-se do único texto escrito para teatro por António Aragão e é um espectáculo que, penso, irá permitir a reflexão sobre a condição humana', começou por dizer Maria José Costa, responsável da Contigo Teatro, da qual um dos fundadores foi o saudoso Carlos Varela.
'Neste espaço [auditório do Centro das Artes], serão denunciadas, digamos, imperfeições do ser humano e acho que será uma tomada de consciência para todos nós', acrescentou.
Não é por acaso que a acção de 'Desastre Nu' decorre numa lixeira: 'Serve para demonstrar como a humanidade cheira mal, porque o seu comportamento não é exemplar', explicou a encenadora do espectáculo.
Reconhecendo ser 'uma peça muito interventiva', Maria José Costa aludiu à estreia da companhia no Centro das Artes: 'Ficámos muito gratos pelo convite para virmos para aqui e era o espaço que escolheríamos para esta peça, mas como fomos convidados, agradecemos'.
O elenco de 'Desastre Nu' envolve oito actores, com alguns a desempenharem mais do que um personagem, para além de um grupo de alunos da Escola Básica e Secundária da Calheta.
Vítor Balanco, com 16 anos, é um dos estudantes desse estabelecimento de ensino e está a encarar a participação na peça como uma aliciante experiência: 'Acho que quer a mim quer aos meus colegas irá permitir conhecer o trabalho da Contigo Teatro, para além de aprendermos mais sobre esta arte, já que fazemos parte do núcleo cénico da nossa escola e estamos satisfeitos com o convite', concluiu o jovem.



in Diário de Notícias Madeira, 10 de Novembro de 2008 (http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/44935/5-sentidos/98573-peca-de-teatro-desastre-nu-tem-cariz-interventivo).