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10 abril 2010

António Aragão pelo olhar do Prof. Fernando Aguiar


"A outra nau catrineta"
António Aragão
Técnica mista 100cmx70cm 1992




«Falecido no dia 11 de Agosto [2008] no Funchal, António Aragão foi um dos precursores da Poesia Experimental em Portugal no início dos anos 60, e da electrografia durante os anos 80, seguido por um grupo de artistas como António Nelos, António Dantas e César Figueiredo, entre outros, que realizaram um importante trabalho nessa área, tendo sido o seu principal teorizador.

Como poeta experimental António Aragão teve uma importância fundamental na criação deste movimento, juntamente com Ana Hatherly, E.M. de Melo e Castro, Salette Tavares, e José-Alberto Marques, estando na origem das revistas “Poesia Experimental 1 e 2” (1964 e 1966), “Operação” (1967), Suplemento do “Jornal do Fundão” (1965) e da “Hidra 2” (1969).

Foi igualmente um dos autores do primeiro happening realizado em Portugal, “Concerto e Audição Pictórica”, juntamente com E. M. de Melo e Castro, Jorge Peixinho, Salette Tavares, Manuel Baptista, Clotilde Rosa e Mário Falcão, em 1965.

Como escritor, António Aragão publicou “Um Buraco na Boca” (1971), o primeiro romance experimental editado em Portugal, e alguns livros de poesia como “Folhema 1” e “Folhema 2”, ambos de 1966, “Os Bancos” (1975) e “Metanemas” (1981).

Em 1968 publicou “mais exacta mente p(r)o(bl)emas”, que foi o livro que fez despertar o interesse pela poesia experimental, e é um dos livros fundamentais na minha formação como poeta visual conforme referi várias vezes, incluindo num Congresso na Cidade do México em que ambos participámos. Transcrevo o final do prefácio do meu livro “Os olhos que o nosso olhar não vê” : “Para o António Aragão uma saudação muito especial porque, com o livro “MAIS EXACTA MENTE P(R)O(BL)EMAS”, comprado num alfarrabista aos 16 anos (juntamente com “POEMAS POSSÍVEIS” de um poeta então desconhecido e hoje Nobel da literatura) me levou irremediavelmente para esta forma de expressão poética.”
A obra do António Aragão ainda não foi estudada convenientemente para que lhe seja dado o destaque que merece na poesia contemporânea em Portugal.

Sempre tive uma enorme admiração e amizade pelo Aragão que participou em mais de três dezenas de actividades organizadas por mim entre Exposições, Festivais, Antologias poéticas e colectâneas de poesia experimental portuguesa publicadas em várias revistas internacionais, e prefiro deixar aqui algumas imagens inéditas deste importante criador e amigo.» [ver Links Recomendados: Fernando Aguiar - O contrário do tempo]
Fernando Aguiar, Professor e Artista.